sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Os trens de subúrbio no Rio de Janeiro - III

A eletrificação:


Em 1931, determinou-se a retomada dos estudos sobre a implantação da eletrificação, autorizado pelo chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, que também autorizou a construção das usinas hidrelétricas necessárias para alimentá-la. O edital de construção da rede elétrica nos subúrbios do Rio abrangia o trecho entre D. Pedro II e Deodoro, e de lá para Japeri e para o ramal de Santa Cruz, e posteriormente a extensão da linha tronco de Japeri até Barra do Piraí. A primeira parte foi vencida pela Metropolitan Vickers em 1933, enquanto que para a segunda parte o resultado não foi conclusivo. Entretanto as obras só começariam, ao menos em ritmo acelerado, no ano de 1936.

Carro motor da série 100, fabricação Metropolitan-Cammel, Inglaterra.

Somente no ano seguinte o primeiro trecho eletrificado começou a de fato operar. Contando com a presença de Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, em 10 de Julho de 1937 percorria o primeiro trem-unidade elétrico, entre a antiga estação D. Pedro II, cujo atual e imponente prédio ainda estava em construção, até Madureira. Os novos trens produzidos pela Metropolitan-Cammel, da Inglaterra, em número de 30 e designados na série 100, eram formados por três carros, sendo um de primeira classe, com bancos estofados em couro, enquanto os outros dois eram designados para a segunda classe, com bancos de madeira. Sua capacidade de aceleração e frenagem eram indiscutivelmente superiores aos trens a vapor, além da capacidade de cumprir os horários dos trens suburbanos com uma velocidade máxima de 70 Km/h – embora as linhas, devido as retificações feitas anos antes, assim como as especificações da rede elétrica, permitissem a velocidade de até 100 Km horários.

Um dos pioneiros série 100, em local próximo ao futuro estádio do Maracanã.
       
Mas a situação precária em que se encontrava a Central não seria resolvida com apenas esses poucos trens, que nessa altura de problemas acumulados funcionavam apenas como paliativo. A tarifa, sem reajustes, conseguia apenas amortizar o dinheiro investido nos trens, mas não toda a estrutura levantada para fazê-los operar. Os trens a vapor continuavam circulando, uma vez que os elétricos não eram suficientes, e o pior: estourara a Segunda Guerra Mundial, e a Metropolitan Vickers, necessária para o esforço de guerra britânico, teve de deixar de lado o contrato com a ferrovia brasileira; enquanto isso, uma nova crise de abastecimento de carvão, promovida outra vez pela guerra, mais uma vez deixou a diretoria da estatal temerosa, e número de passageiros aumentou ainda mais, atraídos pelos novos trens, que subiram para 112 milhões em 1943.

Estação de madureira em 1937, ano da inauguração do tráfego dos Trens-Unidade Elétricos. Note que o série 100 divide espaço com trens de subúrbio a vapor, situação comum até os anos 50.


Diante do problema, a firma Prado Uchoa & Cia. Ltda. assumiu o lugar da Metropolitan Vickers, para terminar os trechos não concluídos. Além disso, em 15 de Julho de 1945 mais um ramal entrava para a categoria regular de trens suburbanos: tratava-se do trecho entre a estação Derby Club – atual Maracanã – e Honório Gurgel, que fazia parte da chamada Linha Auxiliar da Central do Brasil, que já operava com pequenos trens de passageiros a vapor, mas de forma bem irregular e em situação muito mais precária que a linha principal. Isso requereu o alargamento de bitola de 1 metro para o padrão 1,60m da linha tronco, assim como a instalação da rede aérea para a alimentação dos novos trens elétricos.

Estação de Mangueira. A escola de samba presta homenagem à mesma, dada sua importância no cotidiano da população.

Inauguração da eletrificação, na estação de Madureira, 1937 - acervo: VFCO.

Série 100 no famoso pontilhão da avenida Francisco Bicalho.






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