sexta-feira, 26 de julho de 2013

Os trens de subúrbio no Rio de Janeiro - I


Uma das locomotivas do primeiro lote de trens da E. F. D. Pedro II.


Início: o Império e os trens urbanos:
       
O Rio de Janeiro, como província mais importante do país, tanto por abrigar a capital do Império como por ser a ligação das rotas de mercadorias do interior com o mar, e assim garantir o comércio internacional, fora um terreno onde diversas empreitadas se iniciaram a fim de dinamizar economicamente o país. A necessidade de melhorar as vias de ligação fez-se criar estradas de rodagem e, a partir de 1854, estradas de ferro, ainda mais eficientes que as primeiras.


       
Quatro anos após Irineu Evangelista de Souza inaugurar a primeira ferrovia do país, no limite da baía de Guanabara, era inaugurada a Estrada de Ferro D. Pedro II, destinada a melhorar o escoamento da produção agrícola do interior sul da província, o denominado Vale do Paraíba. Sua construção, iniciada em 1855, foi rápida, em pouco menos de três anos seu primeiro trecho já contava com mais de 48 quilômetros, ligando a estação do Campo – posteriormente renomeada como D. Pedro II – à Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Marapicu, atual Queimados, em março de 1858. No fim do ano, já havia alcançado Belém, atual Japeri.
       
Estação Santa Cruz, em 1880.

A partir de 1861 iniciou-se o serviço de transporte de passageiros, com um trem diário até Cascadura, o que pode se considerar o início do transporte suburbano no Rio de Janeiro. Em 1862 o número de pessoas transportadas já atingia a impressionante marca de 280 mil ao longo do ano, contra 53 mil da Estrada de Ferro Mauá. Mas a questão do uso da ferrovia como meio de melhorar a movimentação de pessoas da corte para o interior só tomaria um fôlego maior a partir de 1865, quando por conta de crises financeiras, a estrada de ferro foi encampada pelo governo imperial, momento que se passou a denominar Estrada de Ferro D. Pedro II.

A estação de Queimados fora a primeira ponta de linha da E. F. D. Pedro II.
   

       Nas mãos do governo, a companhia passou a ter uma função social além do simples escoamento de produtos e, diferentemente das outras estradas de ferro que cresciam pelo país, a E. F. D. Pedro II objetivava a integração nacional, e não ser apenas outra via de exportação. Tal característica só se veria novamente no período da encampação da Viação Férrea São Paulo - Rio Grande do Sul anos depois, já na república, e de maneira bem menos objetiva. Dentro desse programa, o transporte suburbano ganhou certa preocupação, como a criação de novas estações ao longo da linha, assim como o aumento do número de vias, para tornar o crescente fluxo de trens mais ágil. Nesse período, havia uma curiosidade: o serviço era dividido em três classes, sendo que a terceira classe era destinada a viajantes desprovidos de sapatos.


Acima, a já extinta rotunda de São Diogo, da qual até pouco tempo atrás só restava a estrutura de seu virador de locomotivas, ainda no início da operação. Abaixo, já abarrotada de locomotivas e carros responsáveis pelos trens de subúrbio. 








2 comentários:

  1. Nas duas ultimas fotos ha um diferença grande tempo, pois pode-se observar o o grande numero de casas construidas no fundo. Bom texto. Abraços!

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    1. Sim, o número de casas aumenta bastante, mas o tempo entre ambas as fotos nem é tão grande. Ambas as fotos são testemunhas do processo de rápido crescimento urbano que ocorreu em São Paulo e no Rio de Janeiro, assim como Minas Gerais, três cidades atendidas pela Central do Brasil e que tiveram seu desenvolvimento atrelado à expansão ferroviária. Obrigado, e abraços!

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