quarta-feira, 3 de julho de 2013

As Minissaias das linhas da métrica

Duplex de Minissaias, seu desenho favorecia essa formação.

Dos anos 40 até o final dos anos 60, a Estrada de Ferro Sorocabana contava com um parque de tração movido a eletricidade que, embora volumoso, era pouco diversificado: eram dois modelos de trens-unidade para serviços suburbanos de passageiros, enquanto que para cargas e trens de longa distância, contava apenas com as Lobas.

Ainda com a pintura original, da Sorocabana.

Viera então a General Electric instalar sua fábrica aqui no Brasil. Juntamente com as 10 Vanderléias, ela iniciou o processo de fabricação de 30 unidades de um outro modelo para a Sorocabana, que atendesse às suas necessidades em vias de bitola métrica e traçado sinuoso. Entre 1967 e 1968 saíam então, junto com as grandes elétricas brasileiras para a bitola de 1,60m da Companhia Paulista, sua versão para bitola de 1 metro. Na prática, era quase que uma Vanderléia pela metade: apenas uma cabine, um pantógrafo, e seu comprimento era pouco mais que a metade da versão da CPEF. A potência de cada uma era em torno de 1800 a 2000HP, contra 4400HP da versão de bitola larga. Vinham com apenas 8 rodas, dispostas em dois truques com 4 rodas cada, um arranjo muito mais simples e moderno que o das Lobas, além de mais fácil de se inscrever nas excessivas curvas da Sorocabana.

Solitária, a minissaia posa com sua pintura mais famosa, o segundo padrão da FEPASA.

Devido à sua aparência, ficaram conhecidas como Toco, por seu aspecto "cortado" ou pelo apelido mais
conhecido, Minissaia, devido o formato de seu limpa-trilhos, curto em relação ao das Vandecas, devido à menor altura, e chanfrado nas laterais a fim de diminuir a área de abrangência lateral e não esbarrar em plataformas ou equipamentos próximos à via. Seu desenho previa que operassem sempre em duplas, a fim de assim obterem um desempenho próximo ao de suas correspondentes de bitola larga. Por conta disso (e também de contenção de custos) possuíam apenas uma cabine, e sua parte traseira sequer tinha limpa-trilhos. A falta de uma cabine na outra extremidade, aliada ao formato do corpo da máquina, prejudicava em muito as manobras em que a mesma devesse trafegar de ré, poisa visibilidade era horrível. Mesmo assim, era comum operarem sozinhas em trens de passageiros, em triplex com 3 delas ou com Lobas.


Acima e abaixo, as Minissaias operando em tração múltipla na recém-construída Alça do Pantojo, próximo à Mairinque.



Por conta da formação da FEPASA em 1971, a pintura original da EFS pouco durou, sendo muito mais lembradas com as próprias cores da companhia descendente. Prestaram ótimos serviços durante todo o tempo que durou a eletrificação das linhas de bitola métrica em São Paulo, que por ser mais moderna que as da antiga CPEF, eram muito mais confiável, possibilitando inclusive o uso em grande escala da tração múltipla. Nos anos noventa, uma Minissaia chegou a apresentar o terceiro e último padrão de pintura da FEPASA, mas o fim das mesmas estava próximo: mesmo ainda com uma vida útil relativamente grande, tanto da parte delas como da própria estrutura eletrificada da via, o processo de privatização fez mais uma vez com que a ferrovia mudasse de mãos, e a nova concessionária, Ferroban, não se mostrou interessada em continuar o uso de máquinas movidas a eletricidade, desativando toda ela das linhas, e encostando todas as locomotivas elétricas. Terminava assim, na virada de 1999 para 2000, a carreira das Minissaias, que ainda estavam chegando na metade de suas vidas úteis.

Vista da traseira: sem cabine, sem limpa-trilhos...

Em triplex, na estação de Mairinque.

A única que recebeu o terceiro padrão de pintura da FEPASA, já nos anos 90.












  

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